a última edição do periódico científico "Nature Reviews Genetics" traz uma publicação interessante sobre a comunicação entre jornalistas e geneticistas (seção Perspectives, ou aqui para quem tem acesso à revista). O título do artigo é "How geneticists can help reporters to get their story right" por Celeste Condit (Departament of Speech Communication, University of Georgia). Segundo a autora, este artigo visa explicar aos geneticistas as forças que moldam o noticiário científico, de forma a minimizar os problemas mais comuns: "Hype" (sensacionalismo científico), determinismo genético e discriminação. Parte do problema parece ser devido ao chamado "hype-space conflict", onde o jornalista tem que lidar com o conflito de usar o pouco espaço que tem apresentando ou 1) um conteúdo mais "chamativo" e "promocional" ou 2) mais informativo, descritivo e imparcial. Além disso, o artigo discute também a questão de reportagens que refletem tendências pessoais do jornalista, independente do conteúdo científico propriamente dito. Muito do artigo baseia-se na divulgação das idéias sobre determinismo genético e sobre raças humanas. O artigo conclui com uma pergunta:
"Grounds for hope arise from the willingness of many journalists to improve their ability to communicate about genetics in an effective fashion. Should geneticists themselves do any less?"
Nota de uma geneticista: concordo que temos que fazer a nossa parte no que diz respeito à divulgação científica "além da academia". Mas é importante notar que a sociedade espera que o geneticista comunique/divulgue ciência primordialmente através da publicação de artigos científicos (ao menos essa atividade é rotineiramente avaliada e exigida de um pesquisador). Deste ponto de vista, o geneticista tem que investir energia em 2 tarefas: comunicação para público especializado e comunicação para o público leigo. Provocação: quem tem que se esforçar mais? Na minha opinião, ainda é o jornalista, já que esta é sua atividade primordial, ou não é?
"Grounds for hope arise from the willingness of many journalists to improve their ability to communicate about genetics in an effective fashion. Should geneticists themselves do any less?"
Nota de uma geneticista: concordo que temos que fazer a nossa parte no que diz respeito à divulgação científica "além da academia". Mas é importante notar que a sociedade espera que o geneticista comunique/divulgue ciência primordialmente através da publicação de artigos científicos (ao menos essa atividade é rotineiramente avaliada e exigida de um pesquisador). Deste ponto de vista, o geneticista tem que investir energia em 2 tarefas: comunicação para público especializado e comunicação para o público leigo. Provocação: quem tem que se esforçar mais? Na minha opinião, ainda é o jornalista, já que esta é sua atividade primordial, ou não é?