Vejam só:
Dados do IBGE divulgados sexta-feira na Folha-OnLine mostram que mais de 40% dos estudantes brasileiros não tinham acesso à internet em 2008.
Entre os estudantes, a principal razão para estarem desconectados é o fato de não terem acesso a um computador (46,9%). Para pessoas com a faixa etária acima dos 40 anos, as principais razões eram desinteresse e dificuldades com o uso.
A reportagem completa está aqui.
REFLEXÃO:
Sempre penso nisso (mas não sabia dos dados oficiais) quando me deparo com declarações de que os blogs científicos podem auxiliar na educação de ciências... mas com qual abrangência? Acho que talvez seja mais "educativo" um grupo de alunos tentar montar um blog científico... como era atraente (ou motivador) fazer um jornalzinho na escola (quem já teve essa experiência?).
Blog informal sobre conteúdos de genética e evolução. Com comentários gerais e específicos a respeito de novidades e polêmicas em ciência.
domingo, dezembro 13, 2009
quarta-feira, dezembro 09, 2009
Identificação baseada em DNA ("DNA-based id")
Algumas impressões sobre o encontro sobre DNA barcoding que ocorreu na FAPESP na semana passada e outras histórias do passado:
Além do meu interesse em falar um pouco mais deste assunto, fui provocada pela Maria Guimarães (via comentário na postagem anterior), a compartilhar minhas impressões sobre a técnica de análise de DNA barcodes (no original "...o que você acha dos barcodes? o simpósio mudou alguma coisa na tua percepção?"). Aliás, recomendo uma visita ao blog da Maria (ciência & idéias) para ver o relato - muito bom - que ela faz sobre o encontro.
Maria, o simpósio não mudou muito a minha percepção sobre as análises de DNA barcodes... na verdade, eu venho acompanhando discussões nessa área há algum tempo e fico atenta a algumas mudanças no discurso original (face às inúmeras discussões e polêmicas que os artigos originais de 2003 promoveram) e, claro, aos avanços obtidos nas áreas de caracterização de biodiversidade e outras aplicações menos audaciosas - mas muito interessantes do ponto de vista científico (como você bem comentou o exemplo apresentado pelo Dr. Eduardo Eizirik sobre a identificação de itens de dieta alimentar de felinos através desta técnica).
A primeira vez que vi o Paul Hebert (idealizador da "proposta" de utilizar um trecho que gene COI como "identificador" taxonômico) foi no congresso da Sociedade Americana de Entomologia (ESA) de 2004, em Salt Lake City, onde ele proferiu uma palestra com o título: "Probing life diversity with DNA barcodes" (dá para acessar um arquivo gravado desta palestra se você for membro da sociedade). A reação da platéia (sistematas, taxonomistas, geneticistas e outras criaturas do mundo da entomologia) foi bem crítica, com vários questionamentos sobre a validade da metodologia proposta e sua pretensa "universalidade" para resolver todos os problemas de identificação do mundo biológico. Na platéia estava um pesquisador que eu admiro muito, Dr. Felix Sperling (atualmente na Universidade de Alberta, no Canadá), que possui um amplo conhecimento científico sobre taxonomia e sistemática de borboletas, marcadores moleculares e evolução. O Dr. Sperling apresentou uma série de recomendações (ele era famoso por tecer seus comentários na forma de recomendações, e foi um dos primeiros críticos da idéia de P. Hebert no seu formato original) que poderiam trazer maior "robustez" à análise de DNA barcodes: obter a caracterização de uma região maior do DNA mitocondrial (não apenas de 650 pares de bases do gene COI); usar outros métodos além do Neighbor-joining para obter árvores filogenéticas e etc. (minha memória não vai muito além...). Enfim, a impressão que tive na época foi de que P. Hebert foi divulgar sua idéia em uma comunidade não muito receptiva, onde pesquisadores com uma longa história na análise de marcadores moleculares, incluíndo sequências de COI e outros genes mitocondriais, divergiam da idéia de que seria possível identificar um marcador UNIVERSAL para discriminar todas as espécies animais.
P. Hebert continua até hoje este esforço de divulgação da sua proposta (frente a platéias menos resistentes, talvez) com a intenção de criar novas oportunidades de incorporar uma etiqueta de identificação molecular às diferentes espécies que compõm a biodiversidade existente no planeta (com um foco sobre os ditos países megadiversos, claro). Mas o discurso já mudou bastante (inclusive já havia mudado em 2004, como bem havia observado o Dr. Sperling, com relação aos artigos originais): a taxonomia - baseda na análise de caracteres morfológicos - permanece como uma força importante que não será substituída pela análise do DNA; outros genes (além de COI) têm sido incorporados à análise dita de DNA barcodes (16S e outros genes mitocondriais, regiões nucleares como ITS, etc.); outros métodos de análise dos dados foram incorporados (a análise de redes de haplótipos apareceu em uma das palestras), enfim, o DNA barcoding "stricto senso" parece que está se modificando em prol de uma abordagem mais ampla e - possivelmente - mais informativa. Esta é uma das minhas impressões sobre o que foi apresentado no evento.
Uma coisa que me incomoda um pouco é a idéia de novidade contida na análise de "DNA barcodes"... há certamente uma caráter inovador nesta proposta: a questão da larga-escala é novidade. Obter etiquetas moleculares para 10.000 espécies de aves é uma proposta que pode ser operacionalizada a partir de uma plataforma similar às utilizadas em genômica. Associar estudos de caracterização de biodiversidade com plataformas de sequenciamento de DNA foi uma "sacada" de mestre pois otimiza de forma significativa a obtenção de informações genéticas específicas (= da espécie).
Por outro lado, muito que que tem sido identificado como contribuição da análise de DNA barcodes é, no meu entender, um legado das análises de marcadores moleculares de forma geral. Me incomoda um pouco o fato de se confundir uma análise tipicamente de Sistemática ou Filogenia Molecular (que seria a tataravó do DNA barcode) com a idéia do barcode. Da mesma forma, identificações taxonômicas baseadas em DNA (em inglês, DNA-based id) são abordagens que já vêem sendo conduzidas há mais de 15 anos (isso com relação a insetos, se formos falar de microorganismos, esta prática deve ter mais de 30 anos). Então neste ponto, não há novidade. Volto a falar do Dr. Sperling para citar um artigo que ele publicou em 1994 (quase 10 anos antes de P. Hebert cunhar o termo DNA barcodes) onde ele identifica uma série de espécies de importância forense (Sperling, FAH , GS Anderson and DA Hickey (1994). A DNA-based approach to identification of insect species used for postmortem interval estimation. Journal of Forensic Sciences 39: 418-427). Outro estudo interessante que conta com a participação do Dr. Sperling trata da caracterização estrutural e evolutiva de um trecho do DNA mitocondrial (envolvendo os genes COI e COII) de insetos (Caterino, MS, S Cho and FAH Sperling (2000). The current state of insect molecular systematics: a thriving Tower of Babel. Annual Review of Entomology 45: 1-54).
Ainda algumas outras publicações com o título que remete à identificação baseada em DNA:
2001. Wells, J.D., and F.A.H. Sperling. DNA-based identification of forensically important Chrysomyinae (Diptera: Calliphoridae). Forensic Science International 3065: 110-115;
2001. Wells, J.D., T. Pape, and F.A.H. Sperling. DNA-based identification and molecular systematics of forensically important Sarcophagidae (Diptera). Journal of Forensic Sciences 46: 1098-1102;
2001. Wells, J.D., F. Introna, Jr., G. Di Vella, C.P. Campobasso, J. Hayes, F.A.H. Sperling. Human and insect mitochondrial DNA analysis from maggots. Journal of Forensic Sciences 46: 685-687
Enfim, acredito que a análise de DNA barcodes possui em enorme potencial, mas seu impacto será maior ou menor de acordo com os diferentes desafios que diferentes grupos taxonômicos apresentam e é necessário termos consciência disso. Além disso, há desafios e mistérios (mais ou menos conhecidos) que assombram o mundo do DNA e dos marcadores moleculares, como os pseudogenes. Como eles podem ser importantes nesta discussão sobre DNA barcoding? Uma revisão importante surgiu recentemente num artigo intitulado: "Many species in one: DNA barcoding overestimates the number of species when nuclear mitochondrial pseudogenes are coamplified" (PNAS, 2008 vol. 105 no. 36 13486-13491). Quem me alertou sobre este artigo foi o Professor Dalton de Souza Amorim, durante participação em outro encontro promovido pela FAPESP na ocasião dos 10 anos do programa Biota (Biota +10).
Vai uma foto que obtive num dos site do Professor Felix Sperling, deve ser de uns 10 anos atrás, pois ele está bem do jeito que o conheci em 2000 no Congresso Internacional de Entomologia que foi em Foz de Iguassú. Foi nesse congresso que ele me mostrou o artigo do Caterino et al. 2000 (e eu estava toda feliz com a publicação do meu segundo artigo), e em anos posteriores tive a oportunidade de re-encontrá-lo em outros eventos científicos. Pena que esse ano não vou conseguir participar do Encontro da Sociedade Americana de Entomologia (que ocorre na próxima semana em Indianápolis). Enfim, Cinderela já virou abóbora a essas horas e amanhã cedo ainda tenho que dar aula... Maria, obrigada pela provocação. um abraço aos eventuais leitores deste espaço.
domingo, dezembro 06, 2009
DNA barcoding na FAPESP
Na semana passada houve um evento de dois dias chamado "The Biota-FAPESP International Symposium on DNA Barcoding". O primeiro dia foi mais dedicado à divulgação dos últimos avanços em relação à análise dos "códigos de barras da vida" em plantas e, no segundo dia, o foco foi sobre alguns amplos projetos envolvendo animais, como o "All Birds Initiative (ABBI)" e o "Fish Barcode of Life Initiative (FISH-BOL)", além de uma excelente palestra com o Dr. Laurence Packer (York University, Canada) que tratou do uso desta técnica em abelhas considerando uma abordagem de Taxonomia Integrativa (linha distinta da Taxonomia - alfa ou clássica ou tradicional (termo aliás repudiado pelos taxonomistas que já consultei, informalmente)). Ainda na sexta-feira (dia 4/12), foram apresentados alguns trabalhos desenvolvidos por pesquisadores brasileiros sob o título: "Uses of DNA barcoding and potential applications for research in Brazil", incluindo um primeiro conjunto de palestras com os professores Dr. Fabrício Santos, Dr. Eduardo Eizirik e Dr. Cláudio Oliveira e um segundo conjunto de palestras com a Dra. Mariana Lúcio Lyra, Matheus Pepinelli e a Dra. Cristina Miyaki.
Dentre as autoridades do mundo do "DNA barcoding", estiveram presentes (e deram palestras) o Dr. Paul Hebert (University of Guelph) e o Dr. David Schindell (do CBOL/Smithsonian Institution).
O evento foi organizado pelas professoras Dra. Mariana Cabral de Oliveira, Dra. Cristina Miyaki e Dra. Lúcia G. Lohmann do Instituto de Biociências da USP.
Esta postagem é só uma pequena nota para incluir algum comentário mais atual ao via gene que anda sofrendo por conta da "falta de dar conta" da autora. Mas volto em breve para comentar sobre algumas impressões gerais do evento.
Notas que não posso deixar passar: encontrei os blogueiros Maria Guimarães e João Alexandrino participando do evento, isso foi muito bom! E também pude colocar em dia algumas conversas com a professora Maria Cristina Arias, que me introduziu no mundo do sequenciamento de DNA nos idos anos 90 (acho que nos conhecemos em 1996, apesar de que eu já havia ouvido muito falar dela).
espero que alguém ainda esteja captando os comentários do via... :)
domingo, agosto 30, 2009
Resumo dos trabalhos do 55° CBG
Clique aqui para ver o resumo do Congresso Brasileiro de Genética sobre estudos do gene COI (genoma mitocondrial) de marsupiais e clique aqui para acesso ao resumo sobre uma experiência didática para o ensino de genética baseada na biografia do Prof. Crodowaldo Pavan.
Estes dois trabalhos serão apresentados em forma de painél amanhã no 55° Congresso Brasileiro de Genética, em Águas de Lindóia.
Até lá!
ana claudia
Estes dois trabalhos serão apresentados em forma de painél amanhã no 55° Congresso Brasileiro de Genética, em Águas de Lindóia.
Até lá!
ana claudia
sábado, agosto 01, 2009
o que ver no Congresso de Genética
Pessoal,
Desculpe-me quem achou que que haveria uma análise comentada da programação do 55 Congresso Brasileiro de Genética. O que eu pretendia com este "post" era apenas sugerir a quem estiver em Águas de Lindóia durante o evento (30 de Agosto a 2 de Setembro) que visite 2 painéis:
1) CRODOWALDO PAVAN: A BIOGRAFIA COMO PROPOSTA DE INTEGRAÇÃO INTERDISCIPLINAR NO CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
AVALONE, MCK, OLIVEIRA, CR, PRANDINI, A, ROCHA, A, FERNANDES, HL, LESSINGER, AC
código: EN025
2) CARACTERIZAÇÃO DE "PRIMERS" TAXON-ESPECÍFICOS PARA OTIMIZAR A AMPLIFICAÇÃO DA REGIÃO DENOMINADA "DNA BARCODE" EM MARSUPIAIS NEOTROPICAIS
BARBAN, JV, CARMIGNOTTO, AP, LESSINGER, AC
codigo: GA 163
Ambos serão apresentados oficialmente na segunda-feira, dia 31 de agosto, entre 18 e 20 horas.
O primeiro trabaho trata de uma experiência que comentei muito brevemente aqui quando deixei uma mensagem sobre o falecimento do Prof. Crodowaldo Pavan..
um abraço
viagene
quinta-feira, maio 28, 2009
fazendo o de sempre...
O que estou fazendo agora? Preparando a aula de amanhã, lendo os textos de segunda-feira, torcendo para as larvas virarem moscas logo (é, até isso eu faço...), corrigindo provas, cobrando resumos dos alunos (é até esta semana!), pensando em novos experimentos para dar vazão às "velhas" idéias, pensando em novas idéias para resolver velhos problemas... enfim, estou fazendo o de sempre! E apesar de sempre fazer isso (e mais alguma coisa), não há uma rotina muito concreta na vida científica e acadêmica, são novidades e desafios diferentes a cada dia, "pepinos" (coitado deste membro das cucurbitáceas, fadado à representar os problemas do cotidiano) e realizações te esperam no dia seguinte (claro que isso também acontece com todo mundo que resolve levantar da cama e fazer alguma coisa, não é exclusividade da vida na universidade... mas ainda acho que a universidade abriga uma diversidade de acontecimentos e oportunidades ímpar, impossível morrer de tédio... (talvez morrer de raiva ou morrer de rir seja mais fácil :)). Mas hoje o dia reservou uma notícia especial: meu primeiro orientado (quer saber mais?), que atualmente cursa um programa de doutorado nos Estados Unidos, acaba de ser contemplado com um prêmio acadêmico por seu histórico em pesquisa, ensino e serviços. Esse reconhecimento me leva a pensar que fazer "o de sempre" e dedicar-me a esta vida que escolhi traz enorme satisfação. Esse premiado aluno é de São Sebastião do Paraiso (MG), me deu vontade de comemorar como um tradicional pãozinho com manteiga Aviação (uma marca registrada da cidade).
sábado, abril 11, 2009
O que Mendel queria com as ervilhas?
Reproduzo aqui uma mensagem que enviei a estudantes dos cursos de Ciências Biológicas que assistiram a minha última aula e tiveram uma breve apresentação sobre Mendel (o Pai da Genética), sob uma perspectiva... mas o interessante sobre essa história é que existem discussões atuais e bem fundamentadas sobre o que - afinal de contas - Mendel queria com as famosas ervilhas? E há versões diferentes... Além do comentário provocando os estudantes no sentido de promover a leitura de artigos científicos a respeito, indico aqui também um blog (História da Ciência) que traz uma apresentação bastante completa sobre o contexto social, cultural e histórico em que Mendel se inseria (leia aqui). A foto ilustra o botânico Karl Wilhelm von Nägeli que, de acordo com uma versão da história, foi responsável por induzir Mendel a estudar uma espécie de planta com um sistema reprodutivo extremamente complexo (e que não "obedecia" as Leis de Mendel).
Eis a mensagem:
"Pessoal,
Lembram-se da aula de hoje? Foi contada uma versão sobre a história de Mendel, sua investigação na busca da compreensão de padrões gerais de herança baseada na condução de experimentos com cruzamentos controlados e análise das classes fenotípicas e proporções fenotípicas recuperadas nas gerações F1, F2, etc.
Na aula foi apresentada uma versão dos fatos, normalmente a mais difundida e amplamente aceita. Mas comentei que há estudos que trazem uma interpretação diferente dos fatos, trazendo divergência e tornando esta história inconclusiva em vários aspectos importantes... o que faz com que a história da ciência e seus personagens sejam tão fascinantes quanto as próprias descobertas científicas e seus desdobramentos.
Indico aqui um artigo publicado no ano passado (outubro)*, na revista científica Journal of Heredity, que trata exatamente de um estudo que apresenta o "lado b" (usuários de MP3 e afins talvez não entendam a analogia...) ou seja, uma interpretação alternativa sobre onde Mendel realmente queria chegar com seus experimentos (baseando-se inclusive na análise da correspondência de Mendel a um botânico famoso da época chamado Nageli).
Especialmente interessantes são a Introdução do artigo e o texto do item "The Hieracium Enigma", recomendo aos mais curiosos esta leitura."
*devo ter me enganado com a data da publicação, pois a referência é deste ano (2009):
Journal of Heredity 2009:100(1):2–6.
Journal of Heredity 2009:100(1):2–6.
em busca do tempo perdido...
sábado, abril 04, 2009
Novo blog jornalístico sobre ciências - Folha/UOL
O site da Folha de São Paulo - UOL publicou hoje uma nota sobre um novo blog de ciências chamado LABORATÓRIO, vale a pensa dar uma olhada.
ana claudia
ana claudia
Crodowaldo Pavan 1919 - 03/04/2009
Até ontem vivia Crodowaldo Pavan,
até ontem era parte da história viva da Genética no Brasil,
Ontem terminou... e hoje Pavan está na nossa memória,
na memória do aluno de graduação que fomos - inspirados por palestras que convocavam o jovem estudante de biologia a ver na ciência um caminho a seguir,
na memoria de quem somos agora - já no meio do caminho, trabalhando para provocar a curiosidade científica em outra geração de alunos de biologia e contando histórias sobre a nossa caminhada e, principalmente, dos caminhos trilhados por pessoas que construiram o conhecimento científico que hoje estudamos.
até ontem era parte da história viva da Genética no Brasil,
Ontem terminou... e hoje Pavan está na nossa memória,
na memória do aluno de graduação que fomos - inspirados por palestras que convocavam o jovem estudante de biologia a ver na ciência um caminho a seguir,
na memoria de quem somos agora - já no meio do caminho, trabalhando para provocar a curiosidade científica em outra geração de alunos de biologia e contando histórias sobre a nossa caminhada e, principalmente, dos caminhos trilhados por pessoas que construiram o conhecimento científico que hoje estudamos.
Crodowaldo Pavan foi uma destas pessoas. Elaborar sua biografia não é a intenção desta nota, mas foi um projeto proposto a um grupo de alunas do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da UFSCar - Sorocaba, com o objetivo de resgatar conceitos de genética básica através do estudo da biografia de quem dedicou a vida estudando biologia. Por conta de um trabalho de uma disciplina de graduação, jovens estudantes tiveram a oportunidade de observar o Prof. Crodowaldo Pavan (na época com 88 anos) falar de ciência com um inesgotável entusiasmo típico da juventude. Crodovaldo Pavan possuia inúmeras excelentes qualidades, como atestam - também inúmeras - publicações sobre sua biografia, na minha memória, ficará sempre a imagem de um professor carismático que sabe falar ao jovem e conquistá-lo para a vida científica.
Esta é uma qualidade e tanto.
Destaco aqui uma nota do Vice-Presidente da República que vi hoje no jornal:
"O Brasil perdeu um grande filho com a morte do cientista Crodowaldo Pavan. Suas pesquisas, especialmente na área da genética, destacaram-se no mundo inteiro e conquistaram, para ele e para o Brasil, o respeito da comunidade científica internacional. O País que todos queremos para nossos filhos e netos precisa de brasileiros como Crodowaldo.
Meus pêsames a seus familiares e admiradores.
Meus pêsames a seus familiares e admiradores.
José Alencar Gomes da SilvaVice-Presidente da República Federativa do Brasil"
A aventura de fazer ciência perde um grande idealista e provocador (que nos provoca a fazer ciência :)), mas as idéias continuam naqueles que o conheceram e que ainda conhecerão sua história (neste sentido, esta é uma tímida contribuição e um convite para que mais histórias sejam contadas).
um abraço,
ana claudia
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