Muito interessante a matéria do colunista do Jornal Folha de São Paulo, Hélio Schwartsman publicada em 17 de abril (ver aqui) intitulada "Problemas Morais".
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de cara são apresentadas 3 historietas que ferem nossos tabus e nos
provocam a decidir se determinadas situações são certas ou erradas,
trazendo algum constrangimento ao nosso "sujeito moral" que se debate
com nossa racionalidade. Refletindo: se não sabemos discernir o certo do
errado, nossa existência ética pode estar comprometida (paro por aqui antes de cometer alguma violação conceitual no universo teórico da filosofia - o que não seria difícil).
A
seguir o colunista apresenta algumas idéias desenvolvidas pelo
psicólogo Jonathan Haidt no livro "The Righteous Mind: Why Good People
Are Divided by Politics and Religion" (a
mente do justo: por que pessoas boas não se entendem em política e
religião), ver vídeo aqui.
Segundo
Schwartsman, o autor (Haidt) argumenta que a construção do senso moral
do indivíduo determina seu olhar sobre o mundo, levando às visões que
reconhecemos como conservadoras, liberais e neutras: o senso moral "pode ser decomposto em seis sentimentos básicos: proteção, justiça, liberdade,
lealdade, autoridade e santidade (pureza), que constituiriam uma espécie de
tabela periódica do instinto moral. O mapa ético de cada indivíduo seria uma
combinação de diferentes proporções desses "ingredientes"".
Agora,
o que chamou mais a minha atenção (e preciso averiguar as referências
originais para apresentá-las a vocês - estas referêncais não estão
apresentadas na coluna) foi o trecho abaixo:
"Para tornar as coisas ainda um pouquinho mais difíceis, cada indivíduo tem o
"mix" de intuições que tem (e que faz dele conservador, liberal ou centrista)
menos por causa de interesses escusos e opções ideológicas e mais por causa da
genética. Estudos com gêmeos e adotados mostram que algo entre 33% e 50% das
atitudes políticas de um indivíduo são determinadas por genes"
Determinação genética de comportamento político - será? Isso me lembra um filme (trailer)
do Woody Allen com uma situação hilária - como apenas W. Allen sabe
construir - apresentando uma família inteiramente democrata, exceto por
um filho adolescente republicano (atribui-se este "desvio" a uma pancada
que o indivíduo levou na cabeça...). Ao final do filme, após nova
pancada, a criatura republicana retorna ao seu estado original
(possivelmente atrelada a sua porcentagem de determinantes genéticos, se
a informação do parágrafo anterior procede). Nome do filme: "Todos dizem eu te amo" de 1996; ótimo elenco!
Enfim,
sugiro a leitura do texto do H. Schwartsman para refletirmos sobre isso
e lembrarmos de buscar outras interfaces de diálogo (em temáticas como
futebol*, arte, educação, etc.) se quisermos estabelecer uma via de
comunicação com nossos contemporâneos, com quem compartilhamos um breve e
intenso período de vida neste planeta e dos quais precisamos para
saciar nossa necessidade de interação social.
Afinal, concordo com a opinião apresentada: "Como cada grupo fala idiomas diferentes (embora os conservadores arranhem um
liberalês, muito a contragosto), estamos fadados a não nos entender. Pensamos e
sentimos sob parâmetros diferentes. Isso significa que o debate raramente será
produtivo. Apenas em casos excepcionais os argumentos de um lado levarão um
legítimo representante do outro a mudar de ideia. No fundo, as discussões servem
mais para que bons debatedores possam exibir suas virtudes lógico-oratórias a
membros de seu próprio grupo."
Finalizando,
deixo uma última cena em que Haidt nos remete aos primórdios da
história do homem (mas que muitas vezes me parece muito mais familiar e
cotidiana do que eu gostaria):
"Ali, cada membro do bando era, ao mesmo tempo, um aliado indispensável e um
concorrente impiedoso"
*nem sempre futebol será uma temática unificadora, dependerá do time em foco!
2 comentários:
Estou intuindo que nosso pesquisador cometeu um erro primário: confundiu "meio cultural" com "predisposição genética".
Então... fiquei de verificar a origem dessa informação (desculpe trazer a coisa tão "crua", mas não resisti a já iniciar essa conversa e esta polêmica). O que me deixou intrigada foram as porcentagens... normalmente os erros primários são absolutos! :) Assim que encontrar isso trago aqui para conhecimento :)
Que rápido seu comentário! E obrigada!
ana
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