Retornando em 2012, após o carnaval... ao via gene!
Depois de um longo intervalo em silêncio e após ter conseguido desarrumar de forma irreversível (até onde meus "poderes" alcançam) o layout do via G, retomo o contato. Faltam ainda todos os meus saudosos "links" e outros dispositivos que figuravam absolutos neste pequeno sistema, mas entre mortos e feridos salvaram-se - quase - todos. Em algum momento, quando eu tiver paciência (nunca - diriam alguns), resgatarei os "links" perdidos...
A motivação deste comentário veio por intermédio de uma consulta feita por um aluno sobre como preencher alguns dados menos "óbvios" (talvez menos formalizados na estrutura acadêmica) nos formulários do currículo Lattes do CNPq. Exceto por um "link" para "perguntas frequentes", não encontrei um manual on-line... então comecei a resgatar minhas experiências com esse sistema revolucionário que é a plataforma Lattes (e cheguei à conclusão que não sou a pessoa mais indicada para responder mas, como me interessei pelo tema, arrisquei mesmo assim).
Preciso confessar que eu sou do tempo pré-Lattes, quando sofríamos para decidir sobre um modelo de currículo de pesquisador (fosse IC, pós-graduando ou doutor) que não omitisse nenhuma informação relevante ,nem incorporasse dados sem valor científico (como experiência de co-editora do jornalzinho da escola ou prêmio de atriz coadjuvante numa peça do Garcia Lorca e essas coisas que nos acompanham e talvez sejam curiosas para apresentar num blog, mas nunca num currículo científico). Havía a SÚMULA da FAPESP, que orientava a apresentação de informações importantes ao se submeter uma proposta de auxílio, e mais uma variedade de modelos.
Sendo uma testemunha ocular pré-histórica - no que se refere à plataforma "Lattes" - pude vivenciar a revolução que foi a implementação deste sistema. Para mim, jovem estudante na época, era fascinante participar desta comunidade virtual de pesquisadores brasileiros (na época eu participava de uma lista sobre temas de evolução organizada pelo Dr. Brian Golding chamada EVOLDIR, e já me sentia parte da famosa "comunidade científica internacional"). A plataforma "Lattes" era nosso "orkut científico" (hoje seria um "facebook científico"), e vivíamos inseridos na "rede", fazendo todo tipo de busca, fuçando literalmente na vida - científica - alheia.
Alguns pesquisadores da velha guarda não se emocionavam tanto com a novidade, preocupados que estavam em preencheer inúmeros campos do formulário com seus extensos currículos ou preocupados com o tipo de informação requerida nos campos a preencher: junto com a formalização dos dados na nova plataforma surgia um instrumento virtual de acesso amplo e irrestrito que permitia a qualquer um avaliar produtividade científica e quaisquer outros indicadores de desempenho acadêmico ou científico a partir dos dados inseridos ali. E a avaliação do pesquisador, tópico sempre polêmico devido à dificuldade de consenso sobre uma sistemática "universal" que seja fiel ao perfil avaliado, passava por uma reformulação, respondendo em parte a um modelo que valorizava mais a produtividade do pesquisador traduzida principalmente na publicação científica. Foi um marco na história dos currículos de cientistas e pesquisadores com implicações a curto, médio e longo prazo.
Enfrentado críticas ou sendo reconhecida como uma das maiores conquistas em termos de base de dados sobre uma comunidade científica, a plataforma Lattes está hoje intimamente incorporada no dia-a-dia da ciência brasileira e não há uma iniciação científica que passe à deriva.
Mas, voltando à questão que originou esse longo comentário, o preenchimento do currículo Lattes, é uma tarefa fácil? Como foi sua primeira vez?
Inclui abaixo minha resposta ao aluno, com algumas modificações, e convido os eventuais leitores do via a comentarem. Na ativa ainda...
ana claudia
Olá Fulano,
Tudo bom e você?
Sobre seu contato:
Preencher o "currículo Lattes" não é tão auto-orientado como parece inicialmente: uma mesma informação pode "aparecer" de formas diferentes em diferentes currículos.
Causas? Diversas:
1) porque já houve uma reformulação do programa e surgiram novas alternativas para melhorar o preenchimento, mas nem todo mundo consegue reorganizar os dados que foram armazenados anteriormente, principalmente num currículo extenso, porque dá muito trabalho;
2) porque alguns dados poderiam ser dispostos em mais de um lugar;
3) porque alguns dados não possuem campo adequado nos formulários disponíveis;
4) porque as várias áreas do conhecimento possuem idiossincrasias difíceis de serem incorporadas num "formulário universal" (justificando 2 e 3);
5) porque parece haver um certo oportunismo por parte de alguns "autores", contaminando a plataforma “Lattes” com informações duvidosas ou que supervalorizam o histórico científico do autor (aqui a coisa fica grave).
O MAIS IMPORTANTE: nunca deixar a informação ambígua (é uma coisa, mas parece outra...) ou errada (pior ainda). Apresente a informação da forma mais clara e honesta possível.
Lembre-se: o “Lattes" objetiva, principalmente, apresentar informações de um perfil de PESQUISADOR para a comunidade científica, dificilmente funciona como o CATHO ou algo do gênero, para facilitar contatos para emprego, então a forma de apresentar a informação é diferente, e o que valorizar também...
Para a questão que você me descreveu, entendo que haveria mais de uma forma de incluir estas atividades no seu currículo. Se quer incluir como projeto, reflita: Qual sua definição de projeto? A (sua) comunidade científica* compartilha deste conceito? Se sim, ok: inclua como projeto.
... se não? Pense bem nas principais características da atividade, ela pode ser reconhecida como projeto de pesquisa científica; ou é pesquisa de outra natureza; ou trabalho técnico; etc.? Sem bolsa, sem financiamento, sem orientador, sem vínculo formal... fica mais difícil mesmo de classificar uma atividade, não sei te orientar com base apenas nas informações que você descreveu. Minha IMPRESSÃO é que se você cadastrar como PROJETO, corre o risco de ficar ambíguo, pois a comunidade científica espera maior formalidade (a que eu “acompanho”, pelo menos).
*a forma de apresentação de algumas informações é óbvia, mas de outras nem tanto... nestas últimas podem haver diferentes interpretações por diferentes comunidades científicas (humanas e biológicas, por exemplo), fazendo com que a inclusão de um mesmo tipo de informação no “Lattes” ocorra de forma diferente (em campos diferentes, por exemplo).
DESCULPE não poder te dar a receita do que fazer. O preenchimento do “Lattes” é uma tarefa importante para qualquer pesquisador no Brasil (ou fora), mas não é tão simples. Seja o mais honesto possível. O campo "outras informações relevantes", ao final do currículo, é perfeito para incorporar quaisquer atividades "menos ortodoxas" que completam seu histórico acadêmico e/ou científico - parece ter sido sua opção, provavelmente eu faria o mesmo.
Algumas observações rápidas sobre a apresentação do seu currículo “Lattes”...
E paro por aqui neste comentário :)
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