domingo, agosto 05, 2012

o berne vai à escola

Na tarefa da escola pediram que o aluno apresentasse o ciclo de vida de um ser vivo. Quando fui consultada para dar opinião sobre qual espécie poderia protagonizar esta tarefa, imaginei que seria mais divertido sugerir um organismo que tivesse um ciclo de vida "fora dos padrões" que circulam nas mentes das crianças do ensino fundamental (cachorrinhos e outros "pets", eventualmente as borboletas...). Com certa parcialidade adquirida durante minha formação acadêmica, que me levou a ter uma enorme confiança nas possibilidades de estudo e aprendizado científico proporcionadas pelas moscas, fiquei rastreando qual espécie, dentre o leque das minhas "conhecidas" voadoras, estaria à altura de tal missão. Finalmente sugeri a querida mosca-do-berne por algumas razões interessantes: 1) todo mundo já ouviu falar; 2) quase todo mundo conhece alguém que "teve" berne (ou você  mesmo já teve); 3) se você não conhece uma pessoa que teve berne, certamente conhece algum cachorro que já teve (olha aí os "pets" fofinhos de novo!); 4) as histórias sobre como se livrar do berne que você (ou alguém que você conhece) "teve" são hilárias e cheias de conhecimento "popular"; 5) ocorre o fenômeno "tão longe e tão perto": apesar de tanta familiaridade com o bicho berne, as pessoas o "conhecem" muito mal; 6) é um ótimo assunto (seja para iniciar um bate-papo com um estranho numa fila, seja numa sala-de-aula na universidade), pois sempre desperta interesse, talvez pelas pessoas se acharem familiarizadas com esta criatura e talvez porque agrega um fator que é motivacional por natureza: o nojento! Incrível como qualquer coisa "nojentinha" conquista tanto público (lembram-se do episódio sobre os escoteiros e a mosca-da-bicheira?).

Nota: eu não acho o berne nojento, acho que depois que ele virou bicho-objeto de pesquisa científica meu olhar tornou-se mais "compreensivo" e investigativo (mas continuo com nojo de barata!). 

Observação: a inclusão desta figura (ciclo-de-vida) no Facebook gerou um dos "posts" mais "curtidos" do meu perfil, talvez pelo fato de ser obra-de-arte da F1 (contexto genético aqui). Quem se arrisca a imaginar o ciclo de vida do berne antes de conferir a figura? E se quiser mais quiz: Quem acredita que o berne sai debaixo da pele de alguém porque "prefere" toucinho ou bacon? Qual fase melhor "representa" a espécie Dermatobia hominis (mosca-do-berne), a larva ou o adulto? Se você fosse uma mãe-berne, qual vetor-forético escolheria para transportar seus ovinhos?

sábado, agosto 04, 2012

Ciência, Biologia e o Futuro do Mundo

Esta semana assisti uma conferência do Prof. Bruce Alberts (um dos autores originais do famoso livro-texto "The Molecular Biology of THE CELL") realizada na Unicamp. Excelente programa para uma tarde de quinta-feira! O auditório estava lotado, presença predominante: ALUNOS DE GRADUAÇÃO! Palestra em inglês, sem tradução simultânea, e todos muito desconfiados que tratava-se de um privilégio ter essa oportunidade de interagir com o atual Editor-Chefe da revista Science. Vê-lo comentando sobre sua biografia, sobre como aprender com seus erros e sobre a importância de desenvolver a cultura científica desde a terna infância foi um aprendizado. Aliás, aluno de biologia (considero-me aluna "eterna" desta ciência) vira meio "fã" dos autores dos livros-texto que nos fazem companhia durante longas horas (ou dias, ou semanas...) de estudos. O foco deste homem agora é a Educação Científica e mostrou-nos os vários programas de incentivo sobre este assunto no âmbito da revista Science. Além de uma excelente conferência, tive o privilégio de estar MUITO bem acompanhada de grandes amigas.
Estou na terceira fileira (de baixo para cima) à esquerda. Achou? :) Mas é verdade!

Em breve incluirei um "post" melhor comentado sobre este encontro, que gerou reflexões bem interessantes (aqui foi apenas uma "prévia").  

domingo, junho 10, 2012

Um brasileiro na Finlândia: um minicurso no Brasil

Para aqueles que estão pensando em participar do próximo Congresso Brasileiro de Genética (58°) em Foz do Iguaçú, DIVULGO aqui uma dica imperdível: "MITOCÔNDRIA: DA PRODUÇÃO DE ENERGIA AO DESENVOLVIMENTO DE DOENÇAS", um minicurso que será ministrado pelo Dr. Marcos Túlio de Oliveira, com quem eu já tive o prazer e o privilégio de conviver no laboratório de Genética Animal do Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética (CBMEG) da UNICAMP (para saber mais aqui).

Neste site podem ser encontrados os artigos publicados pelo Dr. Marcos Túlio em colaboração com a Dra L. Kaguni na área de biologia da mitocôndria.

quarta-feira, maio 23, 2012

UFSCar conversa sobre a Rio +20: divulgando


CICLO DE PALESTRAS (UFSCAR SOROCABA)
CONVERSANDO SOBRE A RIO+20

O que temos?O que queremos?O que sabemos?

Ciclo de palestras abordando tópicos diversos em torno do evento Rio+20,sob a ótica de profissionais de áreas de atuação distintas, com o objetivo de criar um espaço para a discussão e ampliação do senso crítico em um momento em que as informações estarão se proliferando através dos meios de comunicação.

Início: 19/04
Local: Anfiteatro ATLab  (UFSCAR - SOROCABA)

 Dia/mês   horário   Convidado                                     Tema


24/mai      13:00     Dr. Alexandre Nunes de Almeida    Economia (ATLAB 124E*)

31/mai      13:00     Dr. Fernando S. Franco                  Qualidade alimentar

14/jun       13:00     Dra. Luciana Camargo de Oliveira   Resíduos sólidos

21/jun       13:00     Dr. Antônio Fernando Gouvêa         Educação

28/jun       13:00     Dra. Janaina Braga do Carmo          Emissão de gases

*sala pequena em corredor em cima do Auditório – capacidade 20 pessoas

quarta-feira, maio 02, 2012

uma página para um laboratório

o via gene envolve um tipo de atividade que me diverte, me realiza, me provoca, me dá uma voz em um universo que explorei pouco até agora, o da Divulgação Científica, se comparado com o outro de onde vem minha formação profissional e dedicação integral. Estes universos se comunicam, timidamente, mas pelo menos há um diálogo, sussurrado... Como divulgação, fomentando este "diálogo", deixo no via gene o endereço de uma página informal (totalmente em construção e tendo como "mestre-de-obras" uma leiga) que apresenta minha cara-metade no universo paralelo da vida universitária: Laboratório de Genética Molecular Animal.

sexta-feira, abril 27, 2012

Você fala sobre ciência onde? Na fila do caixa...?


Matéria-prima para nossa reflexão! Ou "para nooooossa alegria" como preferirem.

Ontem meu marido comentou que estava na fila do caixa de um restaurante (Chácara Sta Vitória) quando lhe saltaram aos ouvidos as palavras "evolucionismo" e "criacionismo" em meio a uma conversa animada do grupo a sua frente.

Gente, ESTOUREM as champanhes!! Que a reflexão e o debate científicos possam figurar também entre as temáticas cotidianas de um indivíduo aleatoriamente selecionado da população Brasileira seria... seria... enfim, utopia... Isso não deve ser fácil de encontrar em lugar nenhum do mundo, nem nos países denominados desenvolvidos, pois depende em parte do nível de escolaridade das pessoas, o que remete ao verdadeiro objetivo deste "post": divulgar uma matéria do blog Radar Econômico que apresenta a evolução da escolaridade em vários desses países, ver aqui. Aviso aos mais sensíveis: a imagem (um gráfico) pode ser desagradável, causar palpitações, suor frio e náuseas entre outros sintomas (nos mais otimistas causa "vontade de fazer alguma coisa").

Na minha percepção, a historinha do encontro casual contada acima é mais a exceção do que a regra. Normalmente o assunto "ciência" é temática reduandante e super-explorada em intensidade inversamente proporcional à distância das universidades e institutos de pesquisa (onde o tema abunda). Ou divulgamos mais e melhor a ciência que tanto valorizamos para que alcance outras paisagens ou trazemos todo mundo para perto das universidades, ou ainda: tudo ao mesmo tempo agora - pois a questão é urgente!

Obs: depois que meu marido descreveu que quem verteu tais conceitos sobre os demais tratava-se de um sujeito baixinho (mas para ele todo mundo é baixinho), meio calvo e todo animado, já desconfiei que o responsável por essa fala "descontextualizada" (no bom sentido, viu?) fosse o Prof. Evandro da UFSCar de Sorocaba, que estaria "perdido" em terras distantes do campus universitário :). Será?

segunda-feira, abril 23, 2012

Sobre ciência e escotismo: sempre alerta!

Sessão nostalgia: escrevo apenas para não deixar passar em branco o dia do escoteiro: PARABÉNS! E deixo como nota um "post" de 2007 de onde recrutei uma experiência com escoteiros em Campinas para ilustrar a importância de "falar simples" sobre ciência sem se perder em chavões herméticos nem em analogias simplórias. Eis o "post"! Feliz dia do escoteiro!


sábado, abril 21, 2012

genética e moral

Muito interessante a matéria do colunista do Jornal Folha de São Paulo, Hélio Schwartsman publicada em 17 de abril (ver aqui) intitulada "Problemas Morais". 

Logo de cara são apresentadas 3 historietas que ferem nossos tabus e nos provocam a decidir se determinadas situações são certas ou erradas, trazendo algum constrangimento ao nosso "sujeito moral" que se debate com nossa racionalidade. Refletindo: se não sabemos discernir o certo do errado, nossa existência ética pode estar comprometida (paro por aqui antes de cometer alguma violação conceitual no universo teórico da filosofia - o que não seria difícil).

A seguir o colunista apresenta algumas idéias desenvolvidas pelo psicólogo Jonathan Haidt no livro "The Righteous Mind: Why Good People Are Divided by Politics and Religion" (a mente do justo: por que pessoas boas não se entendem em política e religião), ver vídeo aqui.

Segundo Schwartsman, o autor (Haidt) argumenta que a construção do senso moral do indivíduo determina seu olhar sobre o mundo, levando às visões que reconhecemos como conservadoras, liberais e neutras: o senso moral "pode ser decomposto em seis sentimentos básicos: proteção, justiça, liberdade, lealdade, autoridade e santidade (pureza), que constituiriam uma espécie de tabela periódica do instinto moral. O mapa ético de cada indivíduo seria uma combinação de diferentes proporções desses "ingredientes"".

Agora, o que chamou mais a minha atenção (e preciso averiguar as referências originais para apresentá-las a vocês - estas referêncais não estão apresentadas na coluna) foi o trecho abaixo:
"Para tornar as coisas ainda um pouquinho mais difíceis, cada indivíduo tem o "mix" de intuições que tem (e que faz dele conservador, liberal ou centrista) menos por causa de interesses escusos e opções ideológicas e mais por causa da genética. Estudos com gêmeos e adotados mostram que algo entre 33% e 50% das atitudes políticas de um indivíduo são determinadas por genes"

Determinação genética de comportamento político - será? Isso me lembra um filme (trailer) do Woody Allen com uma situação hilária - como apenas W. Allen sabe construir - apresentando uma família inteiramente democrata, exceto por um filho adolescente republicano (atribui-se este "desvio" a uma pancada que o indivíduo levou na cabeça...). Ao final do filme, após nova pancada, a criatura republicana retorna ao seu estado original (possivelmente atrelada a sua porcentagem de determinantes genéticos, se a informação do parágrafo anterior procede). Nome do filme: "Todos dizem eu te amo" de 1996; ótimo elenco!

Enfim, sugiro a leitura do texto do H. Schwartsman para refletirmos sobre isso e lembrarmos de buscar outras interfaces de diálogo (em temáticas como futebol*, arte, educação, etc.) se quisermos estabelecer uma via de comunicação com nossos contemporâneos, com quem compartilhamos um breve e intenso período de vida neste planeta e dos quais precisamos para saciar nossa necessidade de interação social.

Afinal, concordo com a opinião apresentada: "Como cada grupo fala idiomas diferentes (embora os conservadores arranhem um liberalês, muito a contragosto), estamos fadados a não nos entender. Pensamos e sentimos sob parâmetros diferentes. Isso significa que o debate raramente será produtivo. Apenas em casos excepcionais os argumentos de um lado levarão um legítimo representante do outro a mudar de ideia. No fundo, as discussões servem mais para que bons debatedores possam exibir suas virtudes lógico-oratórias a membros de seu próprio grupo."

Finalizando, deixo uma última cena em que Haidt nos remete aos primórdios da história do homem (mas que muitas vezes me parece muito mais familiar e cotidiana do que eu gostaria):

"Ali, cada membro do bando era, ao mesmo tempo, um aliado indispensável e um concorrente impiedoso"

Enfim, leitura imperdível! 
*nem sempre futebol será uma temática unificadora, dependerá do time em foco!

terça-feira, abril 17, 2012

 Hoje vi esta propaganda numa revista... Precisei pensar bastante para tentar entender "a mensagem"... confesso que não entendi...
Conflitos:
1) a evolução biológica de Darwin não refere-se a uma idéia de progresso... no sentido de aperfeiçoamento visando atingir a forma ideal (mas na propaganda a idéia parece ser que esta é a melhor cerveja, o produto final do processo evolutivo, ou seja, coisa que não existe). O slogan "a evolução da cerveja" representa esta visão de progresso, não?
2) o nome Santa Fé, seria uma ironia; pois devido justamente a ela (a fé) Darwin quase não publica sua obra "A Origem das Espécies" e passa anos sofrendo pelo conflito entre sua crença religiosa e sua teoria científica;
3) a propaganda afirma que "ninguém jamais teria argumentos para questionar a Teoria da Evolução" se Darwin tivesse experimentado essa cerveja. Por quê? Ele teria sido mais eloquênte? Seria inspirado por ela a romper os paradigmas da época e outras ignorâncias que até hj persistem de forma mais convincente? Ou daria uma garrafada na cabeça dos seus críticos (ou numa versão melhor: beberiam todos juntos e a "verdade biológica" prevaleceria)? Fico com a impressão que foram precipitados com o legado de Darwin... Alguém disse que essa cerveja "seria resultado da Seleção Natural agindo sobre a diversidade de cervejas...", deve ser biólogo evolucionista (sub-grupo selecionista), mas ainda acho que a propaganda passa outra idéia. Afinal, não só de Seleção Natural e feita a Evolução e a mão do acaso não conta?

Enfim, foi uma surpresa encontrar Darwin como garoto-propaganda de cerveja (crédito à agência Draftz). Agora vou ter que experimentar essa variedade para verificar se há justificativa para escapar da Seleção Natural (que ceifa as variantes menos adaptadas ao "meio"). 

Interessante como a imagem de Darwin associada a seja-lá-o-que provoca reações imediatas em biólogos: "não basta acreditar em evolução, tem que participar!" Se alguém entendeu a mensagem que me escapou, por favor me esclareça.

Como me disse um passarinho cor-de-rosa: beba bem gelada e esquece!

quinta-feira, abril 12, 2012

Apoio à Divulgação Científica: um comentário


Registro aqui o comentário do meu grande amigo Lee (também vem em versão séria e executiva aqui - mas cadê o paletó??). O blogger está se recusando a incluir comentários no quadro de comentário das postagens (espero que o problema seja resolvido logo). Aproveito para divulgar um o SGC (para maiores detalhes procurem o Lee, que responde pela coordenação científica e colaborações internacionais):

Ana,
Dei uma fuçada no Via Gene (como é de costume, quando sobra um tempinho meu!) e achei legal a entrada sobre divulgação científica e resolvi contribuir. Porém parece que não deu certo, mas sorte minha que eu havia copiado a mensagem – aqui vai!

“Oi Ana! Com certeza o Glaucius esta fazendo um belíssimo trabalho no CNPq! Daqui deste lado, a divulgacao cientifica esta sendo levada muito a serio! Um exemplo é a Wellcome Trust, que tem uma linha de financiamento inteiramente dedicada a projetos de divulgação científica ('public engagement') e que está aberta tanto a cientistas quanto a artistas e qquer forma de comunicação - o investimento é da ordem de 3 milhões de libras por ano (!). O interessante é que a Wellcoms Trust é a maior fundação privada de financiamento de pesquisas biomédicas do Reino Unido (investe mais dinheiro nessa area do que o governo do Reino Unido!!).

Quem estiver interessado: http://www.wellcome.ac.uk/Funding/Public-engagement/index.htm 

Aqui do lado do prédio onde trabalho, tem um Centro de Pesquisa de Genética Humana (Wellcome Trust Centre for Human Genetics), onde o diretor resolveu colocar divulgação científica como uma das responsabilidades de qquer pesquisador contratado para trabalhar no centro - seja ele um post-doc ou um "full professor"! beijos à blogueira!

LeeMan"

sexta-feira, abril 06, 2012

Mais sobre SciAm BR e a decisão editorial equivocada


Mais do mesmo. Quem se revoltou como eu com a nota homeopática da Scientific American Brasil vai gostar de ler o que o Luís Carlos escreveu no seu blog Chi vó, non pó. E se alguém se interessa, pode ler também a retratação e justificativas (?) do Editor-Chefe da versão brasileira Ulisses Capozolli no blog da redação.

domingo, abril 01, 2012

primeiro de abril!

Manchete de hoje:

As filogenias moleculares resolveram - definitivamente - em poucas horas todos os conflitos de relações de todos os grupos animais, vegetais e de microorganismos!

quarta-feira, março 28, 2012

Pseudogenizar?? Só americano mesmo para inventar nome...

CoverLi hoje um artigo na PNAS sobre a evolução de paladar em mamíferos (Jiang et al. (2012). Major taste loss in carnivorous mammals. PNAS, v. 109 (13): 4956 - 4961), especificamente tratando da perda de receptores para determinados sabores em carnívoros. Os autores já haviam identificado que gatos são indiferentes a componentes adocicados e explicado que isso ocorre devido a alterações no gene Tas1r2* , que codifica o receptor Tas1r2. Sem receptor para determinado sabor não há como o animal sentir determinado gosto. Evolutivamente, além de gastronomicamente, é importante o animal "perceber" o que come, afinal é uma atividade extremamente associada à sobrevivência da espécie, não? E os bichos que engolem inteiro sem mastigar, sentem o sabor*2?  Se, anyway, as criaturas nem sentem mais o sabor, a "natureza" (academicamente chamada de "seleção natural") torna-se menos intolerante com relação à preservação das funcões do receptor (no caso, do Tas1r2) e não exige mais o certificado ISO9000 daquela estrutura. Pois bem, se não há mais "ninguém supervisionando", ninguém vai notar se começarem a aparecer organismos com defeitos de fabricação justamente neste receptor, não é? Se não notarem, estes individuos desprovidos de paladar para algum sabor terão as mesmas probabilidades que quaisquer outros (mesmo com paladar sofisticado) de reproduzir e popular com seus descendentes a próxima geração. Enfim, um cenário no qual determinada espécie não sente determinado sabor pode ser uma realidade. E é! Os autores do estudo concluem que a perda de função do receptor de sabor em mamíferos é uma fenômeno amplo e está diretamente relacionado a especializações alimentares. E os pseudogenes sugeridos no título... onde entram na história? Lembram o Tas1r2? Se não há ninguém supervisionando, mutações espontâneas que assolam o gene - e escapam dos sistemas de reparo - permanecerão na população e serão transmitidas geneticamente aos descendentes (são elas as responsáveis pela perda da função do receptor - num cenário com "supervisor intolerante" os organismos que possuem mutações neste gene não estariam mais entre nós, entende?). Qual nome se dá ao gene agora que ele está mutado e perdeu a capacidade de codificar uma proteína funcional? Ele perde seu status de gene, caindo no ranking genético para a posição de pseudogene (pseudo = falso, parece mais não é: denorex! Alguém ainda lembra dessa propaganda da idade da pedra lascada?). Segundo os pesquisadores, que analisaram 12 espécies de caranívoros, 7 destas espécies PSEUDOGENIZARAM o Tas1r2 de forma independente (eventos múltiplos) em resposta a mutações que corromperam o quadro de leitura do gene ("ORF-disrupting mutations"). Nunca tinha visto o emprego deste termo: pseudogenização, gene pseudogenizado, vós pseudogenizais... compreensão imediata do sentido, mas que é estranho, é! Apesar do genes ser "pseudo", a ciência é da boa! :)  
*1 a regra diz que, no texto, os nomes dos genes devem vir em itálico para não confundir com a proteína que eles codificam e o leitor identificar, mais facilmente, a qual a entidade - gene ou proteína - faz-se referência.
*2 a avó de certas pessoas que eu conheço vive repetindo que é preciso "saborear os alimentos", isso porque certos animais e certas crianças só sabem o que comem pelo sentido a visão!

segunda-feira, março 26, 2012

Scientific American Brasil: mas que idéia foi essa?!

Fora de contexto... para dizer o mínimo. Foi com indignação que terminei de ler a nota intitulada "A eficiência questionada da homeopatia" (edição 199 - abril 2012) do quadro SAÚDE que compõe a seção AVANÇOS sobre homeopatia para plantas nesta revista vista por alguns como "uma das melhores revistas de divulgação científica" do Brasil. É triste constatar que quando houve a inserção de um conteúdo especificamente nacional (muito desejável quando se tem uma versão BR), selecionou-se uma matéria carregada com uma dose extra de ideologia... inquestionável a visão parcial e pseudocientífica do texto ali publicado. O título parece ir em um sentido enquanto o conteúdo se desenvolve em outro... a autora indica que o erro mais comum daqueles que questionam o efeito da homeopatia refere-se ao desconhecimento sobre  os princípios da física quântica que o regem, desvencilhando-se de argumentar sobre as bases químicas que representam a maior fragilidade do método de potencialização empregado pelas práticas homeopáticas.  Imaginei que a formação da autora fosse nessa área, justificando sua incursão nos domínios quânticos, mas não é... Antes de chegar a este texto, li outros, da mesma revista, mas depois de experimentar essa sensação descontextualizante, desisti de continuar lendo o que quer que fosse dessa edição. Respeito opiniões pessoais sobre o tema, mas não as editoriais. Podem me bombardear... mas não resisti. 


quinta-feira, março 15, 2012

Será mesmo? Divulgação científica avança um degrau!

Soube hoje em conversa informal com minha orientadora (seria "ex-", mas acho que soa antipática a referência "ex-orientadora" e raramente a utilizo), que uma revolução está se formando no horizonte da divulgação científica: o esforço do pesquisador em promover oportunidades de divulgação científica pode entrar no cálculo de produtividade do indivíduo e servir como mais um critério na lista de parâmetros medidos para avaliar a "performance" do cientista. Na minha perspectiva isso é revolucionário e recebo a notícia com grande entusiasmo e com esperanças renovadas de que esta iniciativa contribua para que a ciência seja cada vez mais popular e acessível à comunidade a quem ela serve.

Mais detalhes sobre este assunto na notícia divulgada no Jornal da Ciência, edição de hoje. Ficam os fogos de artifício como minha manifestação de apoio à iniciativa do Presidente do CNPq, Glaucius Oliva, ao fundo imaginem o som de "Fireworks" de Katy Perry...

nota 10!

domingo, fevereiro 26, 2012

diário de uma coleta

The day after... antes do trabalho propriamente "de bancada" em um laboratório de genética molecular, existe um outro que nem sempre parece óbvio aos olhos de quem pensa nas práticas de estudo do DNA: a coleta de campo, onde são obtidas as amostras para estes estudos de DNA.

O cenário de pesquisa aqui é a análise da variabilidade genética de moscas, considerando tanto as diferenças genéticas entre os indivíduos de uma mesma espécie (variabilidade genética intraespecífica) quanto a diferença genética entre as espécies (variabilidade genética interespecífica).

Mas... de onde vem estes indivídos cheios de informações genéticas que serão comparados para que as diferenças entre eles sejam evidenciadas e interpretações sobre diversidade biológica sejam formuladas?

A busca por estas evidências fomenta projetos de pesquisa e a formação de jovens pesquisadores de iniciação científica e pós-graduação, além de alimentar o moto-continuo da construção de conhecimento científico. E a resposta sobre a origem das amostras, neste exemplo de pesquisa, é a natureza. As moscas doadoras de DNA são oriundas de ambientes naturais bem preservados como Mata Atlântica, Cerrado, etc. 

E lá vão os pesquisadores (sim, geneticistas também podem) aventurar-se nas matas e campos para encontrar (e capturar) o DNA, quer dizer, as moscas!

Registro no via gene alguns “flashes” de visitas com intuito exploratório para conhecermos um pouco mais sobre a diversidade de algumas moscas do Parque do Zizo (uma RPPN em São Miguel Arcanjo/Tapiraí - SP) e em uma área preservada do Instituto Arruda Botelho (Itirapina - SP). Este comentário/post em particular é dedicado ao Parque do Zizo.
 
Querido diário:
Coleta com puça

No dia 1° de fevereiro realizamos uma viagem para o Parque do Zizo (próximo a São Miguel Arcanjo, SP) e, ainda na estrada, nos deparamos com a carcaça de um cachorro do mato atropelado (o estado geral de decomposição indicava que fazia tempo). Junto à carcaça encontramos muitas moscas de hábitos saprófagos, como espécies da família Calliphoridae, adultos e larvas, além de besouros decompositores e outros insetos.

Apesar de ser uma nota triste (o atropelamento), conseguimos nossas primeiras amostras aqui, tomando o devido cuidado para não sermos vítimas na estrada durante esta atividade.

E seguida um pouco da vista mais adiante quando a estrada se transforma em uma trilha conforme se aproxima do parque:
Acesso ao Parque do Zizo
Manacá-da-serra

A estrada vai se modificando até transformar-se em uma paisagem cada vez mais cercada pela vegetação, úmida e esteticamente reconfortante, convidando os pesquisadores a conhecê-la e explorá-la.

Paulo (IC) e Gilson (piloto oficial UFSCar)
A viagem teve apoio incondicional do Paulo (esquerda) na coleta propriamente dita e na caracterização do ambiente e do Gilson que nos conduziu até nosso destino e de volta à UFSCar, demonstrando habilidade para apontar pegadas de animais silvestres e discorrer sobre búfalos, pesqueiros e gastronomia durante todo o percurso. Ao fundo começa-se a visualizar o portão de entrada do parque. Agradeço a estes colaboradores, movidos a sanduiches e guaraná, pelo apoio.
 
O córrego que nos recepciona

Há várias trilhas no parque mas, nesta visita técnica para caracterização da área, nós fomos mais conservadores e exploramos apenas duas rotas: uma ao longo deste córrego (Rio Ouro Fino) e outra morro acima, revelando dois ambientes bem distintos. Mais informações sobre as trilhas aqui.
Pesquisador e seu material de coleta
Estamos nas instalações do parque, que possui estrutura de pousada, muito utilizada por observadores de aves e outros curiosos da natureza selvagem. Para a coleta, estamos munidos com puçás, gaiolas, iscas e frascos de "n" utilidades, além de perneiras e chapéus para garantir nossa segurança e podermos nos concentrar mais nas moscas do que nas cobras que eventualmente poderiam querer participar do roteiro (felizmente, não vimos nenhuma cobra).
Lindas bromélias

Lindas bromélias sobre tronco caído
A cada trecho percorrido uma infinidade de bromélias saudava os visitantes e se distribuia em arranjos decorativos preparados ao acaso como se espera encontrar em uma mata natural bem preservada. Neste caminho nos deparamos com outras entidades plenamente integradas ao seu habitat natural:



Qual espécie de anfíbio será esta?
Encontramos este indivíduo sob a água (esquerda), deixou-se fotografar, imóvel, parecia fazer parte do fundo do córrego.
.
camuflado: siga o dedo indicador...

Foi quase sem-querer que encontrei este outro pequeno anfíbio que se confunde com os gravetos e folhas secas do chão da trilha. Além da coloração muito semelhante ao substrato, o corpo tem estruturas que lembram mesmo um gravetinho.

o que vc achou do meu disfarce?
Espécie: Ischnocnema guentheri

Agradeço ao Prof Fernando Rodrigues, da UFSCar - Sorocaba e seus contatos pela disposição em investigar a identidade taxonômica dos anfíbios que encontramos durante nossa coleta (ainda vamos chegar nas moscas!).

Espécie: Physalaemus olfersii

Encontramos ainda mais uma espécie de sapinho no chão úmido da trilha do rio Ouro Fino. Também esta espécie utiliza-se da estratégia de camuflagem para confundir os observadores, ou predadores de plantão. Transformam-se em "folhapos" ou "sapolhas", de tão integrados aos folhiços. Estão vendo a criatura na parte superior da imagem?



Trilha e Rio Ouro Fino: coleta na margem

Na trilha do Ouro Fino selecionamos este ponto para as coletas, disponibilizando iscas (peixe em decomposição) para atrair espécies de moscas saprófagas e tentarmos capturá-las com redes entomológicas (o famoso puçá), classicamente associado à coleta de borboletas, mas que é um recursos precioso na captura de dípteros.


 
Finalmente: A MOSCA!


E nossa personagem principal, a MOSCA. Muitos indivíduos permanecem pousados sobre a vegetação nas vizinhanças da isca, aguardando uma oportunidade para compartilhar da novidade, muitas vezes machos com segundas intenções observando as fêmeas que se aproximam para se alimentar ou ovipor na isca.


 
a mosca na isca de peixe

Na mosca! A isca atraiu especies de moscas das famílias Calliphoridae (foto) e Sarcophagidae principalmente, além de espécies parecidas com moscas das frutas e outros organismos que não resistiram ao "banquete", como vespas, formigas e besouros. Como uma visita de reconhecimento fomos bem sucedidos. Iremos testar outras estratégias e metodologias para amostrar as moscas do Parque do Zizo, incluíndo diferentes armadilhas e maior diversidade de iscas.


que pernas enooooormes!




Aproveitamos para registrar mais algumas espécies curiosas que foram "acidentalmente" coletadas pelo puça junto com as moscas coletadas sobre as folhas. Seria um opilião essa bolinha com 8 pernas? Havia uma infinidade destes organismos num certo ponto da trilha

 
Neste trecho estávamos em outra trilha, que subia um moooooooorro em zigue-zague e conforme subíamos, o ambiente ia ficando menos úmido e nada de sapinhos se avistava pelo caminho. Mas encontramos esse monte de ... e ficamos imaginando quem teria "depositado" isso ali. Há uma trilha conhecida por ser frequentada por antas, seria esta uma evidência?


Parente do carruncho?

 As bromélias são famosas por abrigar uma diversidade de hóspedes atraídos pela fonte de água e outros nutrientes. Encontrei esse besouro lindo passeando pelo interior de uma bromélia e registro aqui mais um habitante do Parque do Zizo. Alguém sabe que espécie é esta?




frutos em abundância




Para não dizer que não falei das flores... não são exatamente flores, mas registro aqui também algumas espécies vegetais para aqueles que possam ter sentido falta de um "pé de árvore" neste longo comentário.




Teiú - o guardião do parque


Retornamos da coleta e nos deparamos com este simpático teiú tomando conta da entrada da pousada. Logo que viu que nossas intenções eram das mais nobres, realizar pesquisas científicas, nos deu as costas e seguiu seu caminho tranquilo. 






até a próxima...

Re-encontramos o Gilson e fomos presenteados com uma carona de trator até o carro, que estava nos aguardando ao final de uma estrada de terra íngrime que nos deu um suadouro mais cedo quando chegamos ao parque. Ao longo do caminho registramos ainda algumas pegadas de jaguatirica (se não me engano...) e de um marsupial. 

Vejam as fotos:




duas pegadas e uma formiga...

As duas pegadas estão lado a lado: à esquerda (dedos longos) seria referente a uma espécie de marsupial e a da direita (dedos curtos) seriam as "almofadinhas" de um felino, possivelmente uma jaguatitica. O que a formiga está fazendo aí é uma incógnita, assim como o que se passou entre o felino e o marsupial - se é que houve alguma coisa...


Sr. Francisco Balboni - Chico



Nossos sinceros agradecimentos ao Sr. Francisco Balboni, administrador do Parque do Zizo que permitiu nossa visita ao parque. Como retribuição, o via gene traz esta "matéria" especial.




Araucárias

Nos despedimos do parque com esta imagem das araucárias e com a perspectiva de conhecermos mais sobre a diversidade genética destas moscas. Em breve serão "postados" o relato e registros fotográficos da viagem de coleta que realizamos na última sexta-feira (24/02/2012) em uma área de cerrado do Instituto Arruda Botelho, em Itirapina, próximo à Represa do Broa.


biologia é 10! ana claudia

quinta-feira, fevereiro 23, 2012

é fácil preencher o currículo Lattes?


Retornando em 2012, após o carnaval... ao via gene!

Depois de um longo intervalo em silêncio e após ter conseguido desarrumar de forma irreversível (até onde meus "poderes" alcançam) o layout do via G, retomo o contato. Faltam ainda todos os meus saudosos "links" e outros dispositivos que figuravam absolutos neste pequeno sistema, mas entre mortos e feridos salvaram-se - quase - todos. Em algum momento, quando eu tiver paciência (nunca - diriam alguns), resgatarei os "links" perdidos...

A motivação deste comentário veio por intermédio de uma consulta feita por um aluno sobre como preencher alguns dados menos "óbvios" (talvez menos formalizados na estrutura acadêmica) nos formulários do currículo Lattes do CNPq. Exceto por um "link" para "perguntas frequentes", não encontrei um manual on-line... então comecei a resgatar minhas experiências com esse sistema revolucionário que é a plataforma Lattes (e cheguei à conclusão que não sou a pessoa mais indicada para responder mas, como me interessei pelo tema, arrisquei mesmo assim).

Preciso confessar que eu sou do tempo pré-Lattes, quando sofríamos para decidir sobre um modelo de currículo de pesquisador (fosse IC, pós-graduando ou doutor) que não omitisse nenhuma informação relevante ,nem incorporasse dados sem valor científico (como experiência de co-editora do jornalzinho da escola ou prêmio de atriz coadjuvante numa peça do Garcia Lorca e essas coisas que nos acompanham e talvez sejam curiosas para apresentar num blog, mas nunca num currículo científico). Havía a SÚMULA da FAPESP, que orientava a apresentação de informações importantes ao se submeter uma proposta de auxílio, e mais uma variedade de modelos.

Sendo uma testemunha ocular pré-histórica - no que se refere à plataforma "Lattes" - pude vivenciar a revolução que foi a implementação deste sistema. Para mim, jovem estudante na época, era fascinante participar desta comunidade virtual de pesquisadores brasileiros (na época eu participava de uma lista sobre temas de evolução organizada pelo Dr. Brian Golding chamada EVOLDIR, e já me sentia parte da famosa "comunidade científica internacional"). A plataforma "Lattes" era nosso "orkut científico" (hoje seria um "facebook científico"), e vivíamos inseridos na "rede", fazendo todo tipo de busca, fuçando literalmente na vida - científica - alheia.

Alguns pesquisadores da velha guarda não se emocionavam tanto com a novidade, preocupados que estavam em preencheer inúmeros campos do formulário com seus extensos currículos ou preocupados com o tipo de informação requerida nos campos a preencher: junto com a formalização dos dados na nova plataforma surgia um instrumento virtual de acesso amplo e irrestrito que permitia a qualquer um avaliar produtividade científica e quaisquer outros indicadores de desempenho acadêmico ou científico a partir dos dados inseridos ali. E a avaliação do pesquisador, tópico sempre polêmico devido à dificuldade de consenso sobre uma sistemática "universal" que seja fiel ao perfil avaliado, passava por uma reformulação, respondendo em parte a um modelo que valorizava mais a produtividade do pesquisador traduzida principalmente na publicação científica. Foi um marco na história dos currículos de cientistas e pesquisadores com implicações a curto, médio e longo prazo.

Enfrentado críticas ou sendo reconhecida como uma das maiores conquistas em termos de base de dados sobre uma comunidade científica, a plataforma Lattes está hoje intimamente incorporada no dia-a-dia da ciência brasileira e não há uma iniciação científica que passe à deriva.

Mas, voltando à questão que originou esse longo comentário, o preenchimento do currículo Lattes, é uma tarefa fácil? Como foi sua primeira vez?

Inclui abaixo minha resposta ao aluno, com algumas modificações, e convido os eventuais leitores do via a comentarem. Na ativa ainda...

ana claudia

Olá Fulano,
Tudo bom e você?
Sobre seu contato:
Preencher o "currículo Lattes" não é tão auto-orientado como parece inicialmente: uma mesma informação pode "aparecer" de formas diferentes em diferentes currículos.
Causas? Diversas:
1) porque já houve uma reformulação do programa e surgiram novas alternativas para melhorar o preenchimento, mas nem todo mundo consegue reorganizar os dados que foram armazenados anteriormente, principalmente num currículo extenso, porque dá muito trabalho;
2) porque alguns dados poderiam ser dispostos em mais de um lugar;
3) porque alguns dados não possuem campo adequado nos formulários disponíveis;
4) porque as várias áreas do conhecimento possuem idiossincrasias difíceis de serem incorporadas num "formulário universal" (justificando 2 e 3);
5) porque parece haver um certo oportunismo por parte de alguns "autores", contaminando a plataforma “Lattes” com informações duvidosas ou que supervalorizam o histórico científico do autor (aqui a coisa fica grave).
O MAIS IMPORTANTE: nunca deixar a informação ambígua (é uma coisa, mas parece outra...) ou errada (pior ainda). Apresente a informação da forma mais clara e honesta possível.
Lembre-se: o “Lattes" objetiva, principalmente, apresentar informações de um perfil de PESQUISADOR para a comunidade científica, dificilmente funciona como o CATHO ou algo do gênero, para facilitar contatos para emprego, então a forma de apresentar a informação é diferente, e o que valorizar também...
Para a questão que você me descreveu, entendo que haveria mais de uma forma de incluir estas atividades no seu currículo. Se quer incluir como projeto, reflita: Qual sua definição de projeto? A (sua) comunidade científica* compartilha deste conceito? Se sim, ok: inclua como projeto.
... se não? Pense bem nas principais características da atividade, ela pode ser reconhecida como projeto de pesquisa científica; ou é pesquisa de outra natureza; ou trabalho técnico; etc.? Sem bolsa, sem financiamento, sem orientador, sem vínculo formal... fica mais difícil mesmo de classificar uma atividade, não sei te orientar com base apenas nas informações que você descreveu. Minha IMPRESSÃO é que se você cadastrar como PROJETO, corre o risco de ficar ambíguo, pois a comunidade científica espera maior formalidade (a que eu “acompanho”, pelo menos).
*a forma de apresentação de algumas informações é óbvia, mas de outras nem tanto... nestas últimas podem haver diferentes interpretações por diferentes comunidades científicas (humanas e biológicas, por exemplo), fazendo com que a inclusão de um mesmo tipo de informação no “Lattes” ocorra de forma diferente (em campos diferentes, por exemplo).
DESCULPE não poder te dar a receita do que fazer. O preenchimento do “Lattes” é uma tarefa importante para qualquer pesquisador no Brasil (ou fora), mas não é tão simples. Seja o mais honesto possível. O campo "outras informações relevantes", ao final do currículo, é perfeito para incorporar quaisquer atividades "menos ortodoxas" que completam seu histórico acadêmico e/ou científico - parece ter sido sua opção, provavelmente eu faria o mesmo.
Algumas observações rápidas sobre a apresentação do seu currículo “Lattes”...

E paro por aqui neste comentário :)