quarta-feira, julho 12, 2006

umas coisas interessantes da Nature desta semana:

1- Propaganda da Invitrogen:
Não, o propósito não é fazer propaganda desta empresa (até porque estou mais para a anti-propaganda desde que perdi 4 meses de trabalho com kits-problemas – algo que já comentei em algum lugar deste blog). Mas queria comentar algo sobre a “natureza perversa” das reações de PCRs (até porque eles andam muuuuito na minha cabeça ultimamente, bem mais do que eu gostaria...), e que achei que a tal propaganda se aproveitou disso, veja o que ela diz:
Get successful PCR the first time with AccuPrime(TM) enzymes and primers from Invitrogen. Put an end to waste: reduce rework, optimization, and repeat reactions. Start getting used to PCR you can count on.”
As palavras riscadas (era para ser riscado, mas não achei o recurso no blogger, então optei por re-traduzir como fonte: Webdings) são apenas para confirmar que a intenção não é – mesmo – propagandística (aliás, vez por outra me deparo com palavras e textos riscados em blogs e sites, mas nem sempre entendo o recado... já vi o The Loom utilizar esse recurso para corrigir algo no texto por sugestão “postada” via comments ou alguém falar mal do President Bush e riscar para...? o governo paranóico dos EUA não filtrar?!). Seja como for reparem: 1) “successful (...) first time”, pois, via de regra, PCRs nunca funcionam de primeira e sempre há uma longa e desgastante etapa de padronização experimental para fazê-los funcionar (como se ganhou um Nobel com isso? :)); 2) “reduce (...) repeat reactions”, sempre a tal otimização e finalmente 3) “you can count on”, sim pois esta “ferramenta”-mestre da biologia molecular deveria te ajudar – em teoria - e não te fazer entrar em parafuso! Mas parece que aqui funciona uma citação que vi na tese de uma aluna do lab. que era – mais ou menos assim: ops! Não vou poder re-escrever aqui antes da defesa da tese (27 de julho) para não me adiantar na idéia dela (salvo se eu for autorizada...), mas volte aqui depois desta data que eu incluo a tal citação que revela tudo sobre o estado de espírito das reações de Biologia Molecular.
Mas, vamos ao que interessa:
2 – questão de gênero
Neste comentário “Does gender matter?” (Nature 442, 133-136, 2006), Ban Barres argumenta contra a noção de que as mulheres não progridem nas áreas das ciências devido a inabilidade inata, que tem sido levada à sério por algumas “autoridades” acadêmicas. A introdução é uma historinha curiosa:

When I was 14 years old, I had an unusually talented maths teacher. One day after school, I excitedly pointed him out to my mother. To my amazement, she looked at him with shock and said with disgust: "You never told me that he wasblack". I looked over at my teacher and, for the first time, realized that he was an African-American. I had somehow never noticed his skin colour before, only his spectacular teaching ability. I would like to think that my parents' sincere efforts to teach me prejudice were unsuccessful. I don't know why this lesson takes for some and not for others. But now that I am 51, as a female-to-male transgendered person, I still wonder about it, particularly when I hear male gym teachers telling young boys "not to be like girls" in that same deroga-tory tone.”

É um texto que vale a pena ler, só para nos lembrarmos que tais questões são polêmicas vigentes e não devem passar em brancas nuvens...
3 – questão de direitos autorais

But would giving authors such rights (no caso, o direito de publicar/reproduzir livremente seus artigos) really damage journals? After all, many authors already post the final version of their paper on the web regardless of what their rights agreement says. A study by Jonathan Wren, a bio-informatician at the University of Oklahoma in Norman (J. D. Wren Br. Med. J. 330, 1128–1131; 2005), revealed that the final versions of more than one-third of articles in high-impact journals are freely available online” - veja o gráfico que ilustra o post (se eu conseguir incluir a imagem... ela não quer entrar...).

A nota “PS I want all the rights” (Nature 442, 118-119, 2006, de Emma Marris) é uma opinião interessante sobre os direitos autorais de publicações/revistas que não adotam o sistema open-access em conflito com a cobrança de instituições de pesquisa e financiamento para que os autores exijam diretos sobre estas publicações.

2 comentários:

Anônimo disse...

Me lembrou um comentário feito por um colega num seminário sobre a reação.. alguem lhe tinha dito que já estava cansado de fazer PCR, e ele respondeu: você, cansado? quem deveria 'tá falando isso era a pobre da Taq! ;)

via gene disse...

Olá Pablo,

Obrigada pelo comentário. Dava para fazer um "blog" só sobre histórias e mais histórias da Taq e seus PCRs rebeldes, não é?

ana