Recentemente comentei sobre o impacto de artigos publicados no formato de 'open-access' (algo como acesso livre), inspirada em uma análise publicada na revista PLoS Biology. A edição de hoje da Nature (441:914) publicou uma notícia sobre o balanço financeiro da PLoS, que enfrenta uma crise. Abaixo está um trecho que comenta a figura ao lado:
"The figure show that PLoS lost almost $1 million last year. Moreover, its total income from fees and advertising currently covers just 35% of its total costs. And although this income is increasing — from $0.75 million in 2003–04 to $0.9 million in 2004–05 — it lags far behind spending, which has soared from $1.5 million to around $5.5 million over the past three years."
Em periódicos científicos onde o acesso às publicações é restrito aos assinantes (pessoas físicas ou instituições), como a Nature, os custos de publicação, edição e revisão são parcialmente cobertos pela assinatura (= leitores). Publicações de acesso aberto aderiram ao sistema conhecido como 'author pays' open-access model: os custos são cobrados dos autores do artigo e o usuário final (= leitor) é isento de cobrança. Mas segundo o comentário da Nature, este modelo está seriamente comprometido, uma vez que cobre menos do que 35% dos custos e fica-se com a expectativa (ou dependência) do apoio financeiro por parte de fundações filantrópicas para reverter este quadro. Outra consequência é o aumento do valor cobrado dos autores para ter seu artigo publicado numa revista científica com índice de impacto de ~14.7 (PLoS Biology), passando de US$1.500/artigo para US$2.500/artigo (uau!). E o autor favorável à divulgação irrestrita de conhecimento científico trava um conflito com o bolso (= recursos para pesquisa) e corre o risco de continuar publicando em revistas de acesso restrito (onde normalmente não há custo adicional para os autores). Fica-se na torcida para que publicações de acesso aberto encontrem sua sutentabilidade financeira e sejam mais um recurso em prol da divulgação de ciência!
rapidinho: outro artigo da Nature de hoje comenta no potencial de diferenciação de células pós-natal e sua possível aplicação em tratamentos de células capilares (!), cuidar da careca dá publicação na Nature (e imagino a fortuna que deve ganhar quem desenvolver a "cura" deste fenômeno). Mas esta foi só uma notinha de natureza lúdica (apesar do estudo ser sério: "Mammalian cochlear supporting cells can divide and trans-differentiate into hair cells" Nature 441: 984-987).
rapidinho 2: o tal Graduate Journal da Nature às vezes traz alguma nota interessante, desta vez foi sobre a redação de manuscritos científicos e os conflitos que o autor enfreta ao apresentar e interpretar seu estudo (Write and wrong, por Katja Bargum). Aqui vai um pequeno trecho desta nota:
"Then there is the eternal temptation to promise more than your results deliver. My paper is on kin selection and insects. Do I suggest that it will change the way we study ants, the way we see social insects, or the roots of social interaction? The insanely inflated claims of some papers make me side with a friend of mine, who once suggested that articles should include only methods and results, leaving interpretation to the reader."
2 comentários:
Nossa, fiquei chocada com isso da plos. agora é ficar de olho na discussão, e torcer para que alguém encontre uma saída...
é... parece que uma das possíveis soluções é esse aumento no custo para os autores, outra possibilidade é haver uma mobilização por parte mesmo de organizações filantrópicas que promovem a "causa" da publicação open-access... mas estou otimista com a continuidade do acesso livre, apesar dos problemas, acho que veio para ficar.
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